Volkswagen GOL CL 1.8 1989 MEGA RARO
No Brasil, é comum ouvir a expressão “pé de boi” como uma forma de se referir a carros básicos, com poucos recursos e opções de personalização. Essa denominação curiosa tem origem no Fusca, um dos carros mais icônicos da história automobilística. O modelo ganhou diversas versões e apelidos ao longo dos anos. Entre eles, destaca-se o termo “pé de boi”, utilizado para descrever a mais básica versão do Besouro, desprovida de todo e qualquer equipamento adicional.

Exemplar do Fusca (Volkswagen Sedã) ‘pé de boi’, de 1966
O Fusca “pé de boi” surgiu em 1965, quando o governo federal criou uma linha de crédito especial para a compra de automóveis zero km. Naquele ano, o carro custava Cr$ 5 milhões, o que em valores atualizados seria R$ 116 mil. O Fusca “pé de boi” surgiu em um contexto no qual a simplicidade e a economia eram fundamentais para atender às necessidades de mobilidade de um público amplo. A designação “pé de boi” está relacionada à simplicidade dos carros populares, remetendo à figura dos bois utilizados como força motriz no campo.
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Nosso GOL MEGA RARO não chega a ser um “pé de boi” pois apesar de ser a segunda versão mais simples e despojada do carro, tem alguns itens de série a mais que a versão “C” como: revestimento interno de melhor qualidade, retrovisor dia e noite, para-sóis articulados e com espelho no do lado direito, bancos dianteiros reclináveis, acendedor de cigarros, apoio de braços nas portas e capa para o estepe.
Entretanto o fato dele possuir o motor AP 1800 (o mesmo do esportivo GTS) instalado na fábrica no dia da fabricação ao invés do AP 1600, faz dele um modelo CL diferenciado, um autêntico “HOT POCKET”, mas totalmente despojado. O que nos permite criar um novo termo para ele: “pé de touro”, aquele que adiciona potência sem perder a simplicidade. É quase uma contradição, um carro pelado e sem nenhum atrativo esportivo equipado com um motor que ruge alto.
Conversando com pessoas as quais tenho encontrado nos diversos encontros que venho participando desde então, diversas hipóteses já foram aventadas sobre a existência de um carro como o meu, vou listar algumas:
1 – O carro foi encomendado assim por algum cliente ou mesmo diretor da Volkswagen.
Essa hipótese é a que menos faz sentido. Afinal por que alguém iria encomendar um carro pelado, sem lavador/limpador do vidro traseiro, sem vidros e retrovisores elétricos, sem direção hidráulica ou mesmo sem ar condicionado mas pagar 8% a mais no valor final do carro para ter o motor 1.8 instalado? Faria todo o sentido se fosse a versão topo de linha a “GL” mas para a “CL” não faz sentido algum.
2 – Acabou o motor AP 600 e foi instalado o motor AP 800 no lugar para não parar a linha de montagem.
Faz sentido. Nesta época a Volkswagen batia recorde de vendas com o Gol e fabricava em média 23 mil carros por mês em 3 turnos. Era comum ocorrer de tempos em tempos a falta de algum componente na linha de montagem e esses mesmos componentes serem substituídos por componentes de outras versões de acabamento apenas para evitar o mal maior: a parada completa da linha de montagem, que sempre gera muito prejuízo.
3 – Erro de montagem.
Essa é a hipótese que mais faz sentido. Na linha de montagem todas as versões são montadas intercaladas umas com as outras. Não se monta separadamente apenas versões “C”, depois versões “CL”, depois versões “GL” e assim sucessivamente, todas estão ali misturadas: em um dado momento se monta uma versão “CL”, na sequência uma versão esportiva “GTS”, em seguida uma versão “GL” e assim em diante. É muito provável que em um dado momento o motor que deveria ter sido instalado em uma versão esportiva GTS acabou dentro do cofre do motor do meu carro. Fui premiado.
Falando em raridade:
A moeda brasileira mais famosa e cara foi cunhada em virtude da coroação de Dom Pedro I, em 1822, com valor facial de 6.400 réis. Só tinham sido produzidas 64 peças quando elas foram enviadas para a aprovação do imperador, que não gostou dela. “Ele não gostou da forma que foi representado na moeda, com o busto nu e uma coroa de louros remetendo ao imperador romano. Então, ele pediu para parar a produção e só foram produzidas 64 peças. Hoje, só se conhece onde estão 16 dessas peças. A maioria delas está em museus ao redor do mundo. A mais cara foi vendida em 2013 por US$ 500 mil. É a moeda mais cara brasileira.”
Como podemos observar no universo da numismática, o valor de uma moeda não é determinado apenas por seu valor facial. Existem diversos fatores que influenciam sua raridade e, consequentemente, seu preço no mercado de colecionadores. Um dos aspectos mais importantes é a escassez do exemplar, pois quanto mais rara for uma moeda, maior será sua demanda e, portanto, seu valor.
Erros de Cunhagem: Tesouros Numismáticos Inesperados:
Embora a Casa da Moeda do Brasil siga rigorosos padrões de qualidade na produção de moedas, ocasionalmente ocorrem erros de cunhagem que resultam em peças únicas e extremamente valiosas. Esses erros podem incluir desde inversões de imagens até falhas na impressão de detalhes, tornando cada exemplar uma raridade genuína. Um dos exemplos mais notáveis é a moeda de 1 real cunhada em 2012, na qual alguns exemplares apresentam um reverso invertido. Isso significa que, ao girar a moeda verticalmente, a imagem do reverso aparece de cabeça para baixo, contrariando o padrão esperado.
O pé de touro
Pegando uma carona neste assunto e baseado nestas informações de raridade e erro de produção, afinal quanto vale o GOL CL 1989 equipado com motor AP 800 que não existe oficialmente e é fruto de um erro de produção?
Depende basicamente dos dois fatores já mencionados anteriormente: “erro de montagem” e “escassez”. Afinal, quantos carros foram produzidos erroneamente assim como o meu? E sobretudo, quantos sobreviveram?
Resumindo, será o quanto um colecionador apreciador de uma raridade estiver disposto a pagar.
Tenho colocado um preço no carro nos encontros para sentir o quanto o mercado está afins de pagar pela raridade e até o momento não obtive exito na venda do mesmo, vou continuar insistindo até encontrar um preço acertado compatível com a realidade, com o estado geral do carro e com o quanto o mercado estiver disposto a pagar.
Bônus:
A escassez e a grande demanda por um determinado tipo de veículo produz anomalias no mercado como esta, GOL GTi de R$ 300 mil, confira:
É isso ai pessoal, até a próxima!
Ricardo Rico
Membro da equipe Avalia Carros, Ricardo Rico é Instrutor de Trânsito formado pelo CEVAT – Centro Educacional de Valorização de Trânsito e credenciado pelo DETRAN/SP, também é DOV – Despachante Operacional de Voo.
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