18/04/2024

carros testados e avaliados

Passamos o Onix Joy 2017 no pente fino
Chevrolet Onix Joy 1.0

 

Na véspera de ano novo (31DEZ16) precisei de um carro para passar o réveillon na casa do meu compadre e o carro locado desta vez foi um Chevrolet Onix Joy com motor 1.0. Confira agora a segunda parte da avaliação e descubra de onde vinha…

 

O misterioso cheiro de gasolina em um carro abastecido com etanol:

 

No dia da Confraternização Universal voltando para minha casa, vindo da casa do meu compadre, ao passar pelo bairro da Penha na cidade de São Paulo, que assim como o bairro da Penha no Rio de Janeiro também tem muitas ladeiras, descendo uma delas precisei frear mais forte antes de uma lombada e em seguida um forte cheiro de gasolina invadiu a cabine. Eu pensei em parar mas como já era quase 22h00 temi pela minha segurança e da minha família então resolvi desligar o ar condicionado que era de onde vinha o cheiro e abri todos os vidros do carro para facilitar a circulação do ar. Ao chegar em uma via rápida e plana (a famosa Radial Leste) o cheiro foi diminuindo até que pude ligar o ar condicionado novamente e voltar a fechar os vidros.

 

Tudo ia bem até chegarmos na Vila Alpina já próximo a São Caetano do Sul e como o nome sugere “Alpina” é também um bairro que possui muitas ladeiras. Foi então que decidi fazer um teste em uma delas, escolhi uma bem inclinada e então comecei a frear e o cheiro voltou suave. Foi então que avisei o pessoal dentro do carro: – Segurem-se que eu vou frear forte. Não deu outra, o cheiro invadiu a cabine de novo e bem mais forte que da primeira vez a ponto da minha esposa reclamar de ardência nos olhos.

 

Algo não ia bem e pensei com meus botões:
– Se o carro é alugado e flex. Por que será que abasteceram ele com gasolina?
Foi então que eu me lembrei que se o carro era flex, muito provavelmente deveria possuir reservatório de gasolina para partida a frio. Eureka.

 

Fiquei monitorando os parâmetros do motor e olhando para a extremidade do capô o tempo todo pois se começasse a fumaçar eu iria parar e abandonar o carro, mas ele seguiu normal até em casa. Voltei até a ligar o ar condicionado. Ao chegar em casa fui verificar a existência do reservatório de gasolina da partida a frio e ao encontrá-lo tudo parecia normal mas, ao abrir a tampa do reservatório o nível da gasolina estava a apenas 2 cm da borda do recipiente, quase transbordando.

 

Como podemos notar na imagem acima em volta do bocal existe um coletor de borracha com um furo no fundo conectado a um “caninho” que passa por detrás do motor e vai despejar o conteúdo possivelmente derramado no asfalto embaixo do carro. Igualzinho a minha motoneta Honda Lead que quando o frentista do posto de serviços abastece demais e excede o nível limite, o combustível que por ventura vaza sai por um sistema muito semelhante. Bem amador diga-se de passagem, o que para uma scooter que custa R$ 7 mil já parece algo porcamente improvisado imagine para um carro que custa quase R$ 40 mil e é o líder de vendas a dois anos, é no mínimo uma gambiarra indecente.

 

Perceba na imagem acima que o tal “caninho” termina antes de passar o nível da suspensão do carro, economizaram até no comprimento da “mangueirinha”, ou seja, se houver vazamento de gasolina, ela será lançada ali naquele ponto em cima da barra de direção do carro, junta homocinética e bandeja de suspensão. Na imagem abaixo eu conectei a chave de contato do carro no final do “caninho” para que você leitor tenha a exata noção de onde termina o elemento em questão:

 

Mas retomando o assunto do vazamento, eu passei a mão envolta na tal borracha mas não constatei gasolina derramada naquele recipiente mas, como o cofre do motor estava quente e a gasolina é bem volátil ela pode ter evaporado rapidamente. O fato é que meus dedos não saíram úmidos mas ficaram com forte cheiro de gasolina, ou seja, havia passado gasolina por ali com certeza.

 

 

Questionamentos:

Que o reservatório estava com o nível acima do limite é fato, mas ficaram as seguintes perguntas:

1 – Que qualidade de tampa é essa que deixava vazar gasolina?
2 – Estava com defeito?
3 – Ou será que alguém não apertou direito permitindo o vazamento da gasolina?

 

Mas a questão mais grave de todas é:

 

– Que raios de sistema de direcionamento de gasolina e vapores que vazam é esse que permite que o cheiro invada o habitáculo dos passageiros através do sistema de circulação de ar do carro mesmo com o botão de circulação do ar externo fechado?

 

Isso é extremamente grave. Evidente que existe algo bem errado nisso.

 

Investigação:

No dia seguinte antes de devolver o carro à locadora eu estava determinado a descobrir o que estava acontecendo e fiz uma inspeção minuciosa até encontrar respostas e foi constatado o seguinte:

 

1 – De fato o reservatório estava cheio demais.
2 – A tampa não estava devidamente apertada, permitindo o vazamento da gasolina. Após um aperto maior da tampa procurei algumas ladeiras próximas de casa e refiz o teste e tudo se normalizou.

 

Mas a terceira questão estava difícil de responder, por que o cheiro de gasolina invadia o habitáculo dos passageiros?

 

Fui pesquisar o Manual do Proprietário para descobrir onde era a entrada de ar para a cabine de passageiros:

 

Eu imaginei que a entrada de ar para a cabine de passageiros fosse próximo da saída daquela “mangueirinha” ridícula mas não, a entrada de ar para o habitáculo dos passageiros fica no final do para-brisa próximo a uma grelha junto aos limpadores de para-brisas, confira na imagem abaixo:

 

Reparem na imagem acima que a entrada de ar para o habitáculo de passageiros fica do lado “oposto” ao daquele “caninho” mequetrefe onde o possível vazamento de gasolina é despejado. Isso me intrigou tanto que nem percebi quando começou a chover forte e o término da minha investigação ficou comprometida pois também estava chegando a hora de devolver o carro na locadora, foi então que precisei fechar o capô do motor às pressas e dar por encerrada a investigação e quando tudo parecia perdido e sem solução eis que ao fechar o capô do motor foi que sem querer descobri onde estava o problema. Bingo.

 

De acordo com o projeto daquele recipiente de borracha, quando o capô do motor é fechado, o que se espera é que o próprio capô do carro vede o bocal do recipiente de borracha, e o que eu acabei descobrindo?

 

Descobri que o capô no Onix possui um ressalto na parte interna que atravessa o rumo do tal recipiente e com isso aquele compartimento de borracha responsável por captar a gasolina líquida ou o vapor que por ventura vazarem pelo bocal do reservatório da partida a frio e que deveria impedir de estes mesmos vapores e/ou gasolina líquida saiam pela parte de cima e sejam corretamente conduzidos para saírem pela “mangueirinha” de despejo até que finalmente sejam descartados sobre a suspensão do carro, não é vedado corretamente pelo capô do carro. O tal “ressalto” existente sob o capô ao pressionar o compartimento de borracha ao invés de vedá-lo permite que se forme uma fenda por onde os vapores de gasolina saem e são captados pelo sistema de circulação da cabine através da entrada de ar, que fica ao lado deste mesmo recipiente. Elementar meu caro Watson.

 

Dessa forma, desvendado o mistério, ficam as dicas:

 

Aos consumidores:
1 – Jamais permita que o frentista do posto de serviço encha o reservatório de gasolina da partida a frio acima no nível recomendado, a bomba destravou, parou! Não permita e nem peça o “chorinho” ao frentista!

2 – Verifique sempre se a tampa do reservatório encontra-se bem fechada, aperte bem!

 

À General Motors:
1 – É preciso rever ou mesmo abolir esse sistema, já existem sistemas mais modernos, pois em caso de vazamento os vapores ou mesmo a própria gasolina em estado líquido é altamente contaminante ao meio ambiente e causa sérios problemas de saúde a todos os envolvidos na situação, além do que, permitir que poluentes provenientes de veículos e seus combustíveis sejam despejados ou vazem na atmosfera ou poluam as águas vai contra a legislação ambiental vigente e é passível de multa pelo IBAMA, CETESB e até mesmo pelo Procon.

 

Às autoridades ambientais:
1 – Seria bem interessante verificar, conferir e exigir a correção deste defeito através de Recall de todos os veículos envolvidos.

 

E assim termina a segunda parte desta avaliação.

 

Continua…

 

Ricardo Rico

 

Leia também a primeira parte desta avaliação:

Avaliação | Chevrolet Onix Joy 1.0 | 271 km

Rico Avalia

6 thoughts on “Avaliação | Chevrolet Onix Joy 1.0 | Problema Misterioso”

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